- Serviço militar obrigatório, RI 7, Leiria (pp. 7/18)
- Coimbra: Regimento do Serviço de Saúde (pp. 18/27)
- Hospital Militar Principal (pp. 27/34)
- Penafiel: formação do BART 6521/72 e partida para o CTIG (pp. 34/45)
- Bissau e Bolama: chegada e IAO (pp. 45/59)
- Có: as primeiras impressões, o quartel e a sobreposição (pp. 59/73)
- A coluna de Teixeira Pinto: o batismo de fogo (pp. 73/85)
- A rendição da CCAÇ 3308, os "velhinhos" (pp. 86/100)
- De enfermeiro a "barman" (pp. 100/108)
- De "barman" a professor (pp. 109/126)
- Marcelino da Mata, uma referência (pp. 126/132)
- Rancho, levantamento de rancho, ataque à messe, prepotências (pp. 133/152)
- Um senhor negro vestido com uma "thobe" branco (pp. 153/156)
- O ataque à coluna de Có + diversos apontamentos (pp. 156/162)
- O 25 de Abril que veio da Metrópole (pp.162/174)
- O regresso a casa (pp. 174/179)
- 50 anos depois (pp. 180/184).
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Pesquisar neste blogue
sábado, 27 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27259: Notas de leitura (1842): "Os Có Boys (Nos Trilhos da Memória)", de Luís da Cruz Ferreira, ex-1º cabo aux enf, 2ª C/BART 6521/72 (Có,1972/74) - Parte I: Apresentação sumária (Luís Graça)
terça-feira, 24 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26953: Notas de leitura (1813): O livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (2025) (235 pp.) - Parte II: apresentação de Joaquim Pinto Carvalho
Lourinhã > Salão Nobre da Câmara Municipal da Lourinhã > 21 de junho der 20256 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1) (*)
Da esquerda para a direita, o Joaquim Pinto Carvalho (que fez o posfácio do livro, e apresentou o livro e o autor), o autor, Jaime Silva, e o Luís Graça (que fez o prefácio do livro, e falou sobre a Lourinhã e a guerra do ultramar / guerra colonial) (*).
Foto: Página do Facebook do Municipio da Lourinhã (com a devida vénia...)
Seleção e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)
1. Sobre o Joaquim Pinto Carvalho:
(i) tem mais de 60 referências no nosso blogue,
(ii) é membro nº 633 da Tabanca Grande;
(iii) foi alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73);
(iv) natural do Cadaval, é advogado, poeta e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã;
(v) é autor, entre outras obras, de uma brochura com a história da unidade, a CCAÇ 3398, distribuída no respetivo XXV Convívio, realizado no Cadaval, em 18/9/2021.
2. A Tabanca do Atira-te ao Mar, apesar de "secreta", não escapa à "bisbilhotice" do assistente de IA / Gemini /Google, que nos informou o seguinte:
(...) Sim, conheço a "Tabanca do Atira-te Ao Mar". É uma organização localizada no Porto das Barcas, em Lourinhã, Portugal.
De acordo com as informações disponíveis:
- foi criada por Joaquim Pinto Carvalho e Maria do Céu Pinteus, que são os responsáveis pelo apoio logístico;
- está associada ao blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné":
- é também referida como "Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo)", com sede no Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã.
Apesar de não ter conseguido aceder diretamente à página do blogue, obtive estas informações através de uma pesquisa geral.
Pode encontrar mais detalhes nos seguintes links:
Guiné 61/74 - P21328: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (1)
Tabanca do Atira-te ao Mar - Luís Graça & Camaradas da Guiné " (...)
3. Texto da apresentação do livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, na sessão de lançamento, realizada no passado dia 21, no Salão Nobre da Câmara Municipal d Lourinhã, às 11h00:
Estamos aqui três antigos colegas de estudo, três antigos combatentes e, sobretudo, três amigos já com uma alguma antiguidade.
Conheci o Jaime no seminário de Santarém, no ano em que começava a “guerra colonial”! Anos depois, acabaria por conhecer o Luís, mas não de maneira tão próxima e noutro seminário. E foi através do Jaime que, há alguns anos, voltei a reencontrar o Luís. O Jaime apresentou-me o Luís como o criador do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, blogue que eu já conhecia porque também estivera na Guiné.
O reencontro deu-se, na minha casa, na Atalaia. Recordo que, no meio da conversa, virei-me para o Luís e disse-lhe: "Então tu, o Luís Graça do Blogue, és o mesmo Luís Graça que eu conheci no seminário?"...
(Revisão / fixação de texto: LG)
(*) Vd. poste de 23 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26949: Notas de leitura (1811): O livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (2025) (235 pp.) - Parte I: apresentação de Luís Graça
(**) Último poste da série > 23 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26950: Notas de leitura (1812): Guiné - Os Oficiais Milicianos e o 25 de Abril; Âncora Editora, 2024 (2) (Mário Beja Santos)
domingo, 22 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26947: Agenda cultural (890): Lançamento do livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial": Lourinhã, 21 de junho de 2025: fotogaleria
(*) Último poste da série > 17 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26929: Agenda cultural (889 : Lourinhã, Salão Nobre da Câmara Municipal, sábado, 21, às 11 horas: sessão de lançamento do livro de Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos: os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial"
terça-feira, 17 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26929: Agenda cultural (889 : Lourinhã, Salão Nobre da Câmara Municipal, sábado, 21, às 11 horas: sessão de lançamento do livro de Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos: os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial"
(i) nasceu em 1946, no Seixal,Lourinhã;
(ii) foi alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72);
(iii) tem uma cruz de guerra por feitos em combate;
(iv) viveu em Angola até 1974;
(v) licenciatura em Ciências do Desporto (UTL/ISEF) e pós-graduação em Envelhecimento, Atividade Física e Autonomia Funcional (UL/FMH);
(vi) professor de educação física reformado, no ensino secundário e no ensino superior ;
(vii) autarca em Fafe, em três mandatos (1987/97), com o pelouro de desporto e cultura;
(viii) vive atualmente entre a Lourinhã, donde é natural, e o Norte;
(ix) é membro da nossa Tabanca Grande, nº 643, desde 31/1/2014;
(x) tem uma centena de referências no nosso blogue.
(Fixação do texto e edição de fotos: LG)
_______________
Último poste da série > 31 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26870: Agenda Cultural (888): Convite para uma conversa sobre o livro "Quatro Personagens à Procura de Abril", da autoria de Luís Reis Torgal. Sessão organizada por Carlos Fiolhais no âmbito das Conversas Almedina, na Livraria Almedina Estádio Cidade de Coimbra, dia 4 de Junho de 2025, pelas 18 horas
sábado, 31 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26867: Convívios (1035): Fotorreportagem do 61º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 29 de maio de 2025 (Manuel Resende / Luís Graça ) - Parte I
Foto nº 1 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > O régulo Manuel Resende visivelmente bem disposto por tudo ter corrido bem: ds 87 inscritos faltaram 4, por razões de força maior...
E neste convívio tinhamos um "magnífico" que veio de longe: o João Crisóstomo, nosso camarada, que vive em Nova Iorque.
Na foto, de pé à esquerda, o Luís Graça (Lourinhã) e à direita,a sentado, o Joaquim Pinto de Carvalho (Cadaval) (fez ntem anos, uma capicua, 77...). Quatro régulos, ao fim e ao cabo: da Tabanca Grande, da Tabanca da Diáspora Lusófona, da Tabanca da Linha e, por último, da Tabanca do Atira-te ao Mar e Não Tenhas... Medo!
Foto nº 2 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Aspeto parcial do 2º (e último) piso do restaurante que estava cheio (11 meses de 8 convivas)... Já há muito, desde antes da pandemia, que não se atingia praticamente a lotação máxima.
Foto nº 3 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > As "nossas mulheres grandes" (sempre "bajudas"!) desta vez responderam à chamada do nosso régulo: a sala estava muito bem composta...
Foto nº 4 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Outro casal amoroso, simpatiquíssimo, fotogénico, apanhado pelo nosso fotógrafo com um sorriso lindo: o José Diniz Souza Faro e a esposa (S. Domingos de Rana, Cascais)... (Foi fur mil art, 7.º Pel Art / BAC , Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70, tem 14 referências no nosso blogue, e é membro da nossa Tabanca Grande desde 23/05: é "magnífico" desde 15/5/2015).
Foto nº 5 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Outro "menino da Linha", o Mário Fitas, com a sua Helena.
Foto nº 6 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Já não nos víamos há muito tempo, desde os bons tempos antes da pandemia!... Teve um grande susto, quase a patinar, disse-me ele...Refiro-me ao António Alves Alves (Carregado, Alenquer), que é "magnífico" desde 15/11/2015...(Também não és "grão-tabanqueiro", temos de ver isso, camarada!)
Foto nº 8 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Foi uma grande alegria para todos nós (e para mim e a Alice, em especial) poder abraçar o Manuel Joaquim e a esposa... Problemas de saúde (do foro oftalmológico) tem-no impedido, há muito, de comparecer aos nossos convívios. Tem 110 referências no nosso blogue.É autor, como se lembram, de uma das mais belas histórias, com fim feliz, contadas no nosso blogue. Foi fur mil armas pesadas inf da CCAÇ 1419 (Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67), hoje professor do ensino básico reformado: trouxe para a sua casa e educou, como padrinho, o "nosso minino Adilan", o Zé Manel, o José Manuel Sarrico Cunté...
Foto nº 9 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Mais dois meninos (e uma menina) da Linha... Não precisam de apresentação... São veteraníssimos nestas andanças!... São "magníficos" da primeira hora e também membros da Tabanca Grande: António Marques e Gina (Cascais) e Armando Pires (Oeiras)...
Mais um convívio se realizou hoje no Restaurante Caravela de Ouro, foi o nº 61. As cadeiras ocupadas foram 83. Creio que fizemos uma boa manifestação de gratidão ao nosso camarada João Crisóstomo, que vive em Nova Iorque e que fizemos coincidir com as suas férias cá. Quem não souber quem é o Crisóstomo vá ao Blog Luis Graça e procure. Está lá tudo.
Como de costume, e para que fique registado, tirei algumas fotos que junto, clicando neste link.
2. Vamos selecionar algumas das mais de 6 dezenas de fotos do Manuel Resende, editá-las e legendá-las. Este é o primeiro poste.
Fica aqui também a minha / nossa gratidão ao "magnífico-mor".
Foi mais um almoço-convívio cuja organização esteve impecável e foi do agrado geral.
Sempre discreto, o Manuel Resende está em "todas" as funções que cabem a um "régulo": depois de ter convocado as "tropas", sempre com música suave ao ouvido (não precisa de berrar, vai atualizando o Facebook...), e de ter orientado as coisas com o restaurante, lá esteve ele, de novo, para nos nos receber, dar as boas vindas aos "piras" (7 desta vez vez!), receber a "guita", fazer as contas, pagar, etc.
Nunca tem tempo, coitado, para provar os aperitivos e come à pressa... Lá pega na máquina fotográfica e percorre as 11 mesas, tirando 61 chapas... em tempo recorde... E ainda por cima posando, com calma e pachorra, para os "telemóveis" que querem ficar com uma "selfie"...
Tudo começa antes das 12h30 para acabar mais ou menos às 15h00... Vamos ter saudades do nosso "régulo" quando ele se reformar (mas, felizmente, ainda falta muito...). Deus lhe dê muita saúde e longa vida, que ele merece as duas coisas... (LG)
__________________
Nota do editor:sexta-feira, 30 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26862: Parabéns a você (2381): Fernando Andrade de Sousa, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 e da CCAÇ 6 (Buba e Bedanda, 1971/73)
_____________
Nota do editor
Último post da série de 28 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26854: Parabéns a você (2380): António Acílio Azevedo, Ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74)
terça-feira, 22 de abril de 2025
Guiné 61/74 - P26715: Convívios (1021): XXIX Convívio do pessoal da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 (Buba, 1971/73), dia 10 de Maio de 2025, em Santo Tirso (Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil)
Amigo "Incendiário":
Vamos celebrar mais um ano de convívio, será o 29.°, desta vez regressamos ao norte do País: a Santo Tirso.
A data escolhida foi a de 10 de maio de 2025 (Sábado).
O ponto de encontro será no Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, em Monte Córdova, Santo Tirso.
Agendamos esta chegada pelas 10:30 horas.
Pelas 11:30 horas deslocamo-nos para o Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, onde será celebrada uma cerimónia religiosa, pelo pároco local, em memória dos nossos camaradas falecidos.
Após esta cerimónia seguiremos para o Restaurante O Cleto - Monte Córdova, Santo Tirso.
A ementa será composta por:
Entradas:
Pão; manteigas; rissóis; presunto; moelas e rojões
Sopa de legumes;
1.º Prato: Bacalhau com cebolada
2.º Prato: Vitela/Lombo assado com batata assada
Sobremesas:
Bolo de bolacha e pudim
Café e digestivos.
Por último, o tradicional Bolo de Aniversário da Companhia.
O preço por pessoa é de 40,00€. Crianças dos 6 aos 12 anos: 20,00€.
Como compreendem agradeço que confirmem a vossa presença bem como a totalidade dos familiares que vos acompanham, até ao dia 25/04/2025, através de mensagem para o telemóvel 966 743 750.
_____________
Nota do editor
Último post da série de 18 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26701: Convívios (1020): Rescaldo do Encontro Anual do pessoal da CCAV 8351/72 - "Tigres de Cumbijã", levado a efeito no passado dia 5 de Abril de 2025, em Castelo Branco (Joaquim Costa, ex-Fur Mil AP Inf)
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P26366: "Dia da Consciência e o Humanismo Universalista Lusófono Em Aristides de Sousa Medes e Luís Souza Dantas” (Pe. Vitor Melícias, OFM, novo membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa)
1. Tomada de Posse do Padre Vítor Melícias, OFM, como Académico de Número, Academia Internacional da Cultura Portuguesa, Lisboa, 12 de dezembro de 2024.
Realizou-se no passado dia 12 de dezembro, às 17h00, na sede da AICP - Academia Internacional da Cultura Portuguesa,sita na Sociedade de Geografia de Lisboa, a tomada de posse do Padre Dr. Vítor Melícias, como Académico de Número.
“Buona sera, buona gente”. Com estas palavras saudava S. Francisco de Assis as pessoas que algures o acolhiam.
Com a mesma saudação, Boa tarde a todos vós, gente boa e amiga. Bem-vindos.
-Senhora Presidente e estimada Profª Doutora Maria Regina
-Ilustríssima Mesa
-Caros e eminentes Académicos
-Caro amigo e irmão Fr. Silvestre Ministro Provincial dos Franciscanos Portugueses e demais irmãos franciscanos aqui presentes
-Caros Presidentes nacionais dos Bombeiros, das Misericórdias, do Montepio e outros Altos dirigentes da Economia Social e do Mutualismo
-Caros Representantes da Fundação, da Comissão do Dia da Consciência e de outros organismos ligados a Aristides de Sousa Mendes
-Meus caros familiares, conterrâneos e demais amigos
-Senhor Embaixador em representação da CPLP
E, permitam-me, em menção muito especial, the last but not the least:
-Caro David Godorovitch e outros membros das comunidades judaicas portuguesa e brasileira
- Caríssimo irmão e amigo D. José Rodriguez Carballo, ilustre Académico Correspondente da nossa Academia, Arcebispo de Mérida e Badajoz, ex-Ministro Geral da Ordem Franciscana. A vossa presença honra-me muito e dignifica assás a nossa comum Academia.
A todos, também como franciscano, começo por saudar com as palavras com que S. Francisco mandou os seus frades saudarem dizendo “Il Signore vì dia Pace”, “O Senhor vos dê Paz”, aquela paz serena e confortante dos que, em bom espírito, se reúnem por boas causas.
É, de facto, em bom espírito e por boas causas que aqui estamos e que, antes de mais, desejo agradecer, bem cá do fundo do coração, a V. Excia, Senhora Presidente, e ao osso muito ilustre Conselho Académico pela subida, ainda que por mim imerecida, honra de passar a integrar o núcleo institucional dos Académicos de Número da nossa prestigiada e prestigiante Academia.
Como muitas vezes digo em idênticas circunstâncias, quanto menos mereço mais agradeço. Bem hajam.
Em primeiro lugar, seguindo o espírito e a letra dos Estatutos desta nossa Academia, desejo homenagear e enaltecer os que me precederam nesta cátedra, que tanto dignificaram.
Evocá-los neste momento de entrada para o lugar que nos deixaram é confirmá-los na galeria de eternidade dos que da lei da morte se foram libertando e na memória sem empo se vão perpetuando. Honra e glória a todos eles. Perpétua memória aos seus nomes.
Ao ponderar de entre os vários temas que melhor pudessem corresponder à identidade e originária vocação pro-cultural da nossa Academia, acabei por escolher, em contexto de comemoração do 70º aniversário das suas mortes, quase simultâneas, evocar aqui as históricas e corajosas opções de consciência de Aristides de Sousa Mendes e de Luís de Souza Dantas, dois dos símbolos maiores do humanismo identitário da cultura lusófona e, por isso, inspiradores do Dia Mundial da Consciência.
Daí, e também em sentido de homenagem, o ter intitulado e contextualizado esta minha primeira comunicação de Académico de Número como “Dia da Consciência e Humanismo Universalista Lusófono em Aristides de Sousa Mendes e Luís Souza Dantas”.
Como é de universal conhecimento, por proposta de Reino de Barém no seguimento do Congresso Internacional sobre a Paz e a Mente dos Homens, organizado pela UNESCO na Costa do Marfim em 1989, a Assembleia Geral da Nações Unidas decretou, pela Resolução 73/329 de 25 de julho de 2019, que o dia 5 de abril de cada ano fosse celebrado
como “Dia Mundial da Consciência” com o expresso objetivo de “mobilizar os esforços da comunidade nternacional para promover a paz, tolerância, inclusão, entendimento e solidariedade em ordem a construir um mundo de paz, solidariedade e harmonia”.
Após a primeira celebração em 6 de abril de 2020 na sede da ONU em Nova York, o Dia passou, logo no ano seguinte, a ser celebrado na sede da UNESCO em Paris no âmbito da semana que incluísse o dia 5 de abril e, já em 2024, nas instalações da ONU em Genève com ressonância, aliás, muito reduzida.
Ora acontece que, precisamente 20 anos antes, em Nova York um grupo de membros da comunidade portuguesa aí residente, em direta ligação com a Igreja Católica e a Comunidade Judaica e mobilizados por João Crisóstomo, nosso conterrâneo torriense há muito radicado nos Estados Unidos, intrépido promotor de Grandes Causas ligadas a Portugal, como a defesa das Gravuras do Vale do Coa, o apoio político e humanitário à independência de Timor-Leste e, com grande afinco, à reabilitação de Aristides de Sousa Mendes, tinham já lançado um movimento a nível mundial precisamente com a designação de “Dia da
Consciência”, em homenagem e promoção dos valores de humanismo universalista pelos quais o diplomata Aristides de Sousa Mendes, para salvar vidas inocentes e invocando “deveres de consciência”, desobedecera às normas então em vigor e aos seus legítimos superiores, designadamente a Oliveira Salazar, que ao tempo era simultaneamente Presidente do Conselho de Ministros e Ministro dos Negócios Estrangeiros, chegando mesmo a dizer publicamente “não
participo em chacinas, por isso desobedeço a Salazar”.
Esse movimento, que se iniciara, desde logo, com a bênção e patrocínio do Cardeal Renato Martini, Observador Permanente da Santa Sé junto da ONU, recentemente falecido, assentava na promoção de celebrações
eucarísticas em sés catedrais e outros destacados locais de culto católico ou em celebrações culturais e religiosas em sinagogas judaicas de algum modo acessíveis através, nomeadamente, da Fundação Raoul Wallenberg, da qual, aliás, João Crisóstomo era e é Vice-Presidente e da qual, por proposta sua, foram admitidos como “Honorary Members” António Guterres, Jorge Sampaio e eu mesmo.
Celebrado todos os anos a 17 de junho, data em que o cônsul Aristides de Sousa Mendes entrou a conceder, em frenesi de ato salvador, passaportes e visas “a todos os que precisem”, o Dia da Consciência de âmbito judaico-cristão foi-se expandindo gradualmente com o apoio e
direta participação de personalidades tão eminentes como o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Cláudio Hummes, franciscano meu colega de estudos em Roma e grande amigo do Papa Francisco, que foi aquele que no momento da eleição papal lhe disse “não te esqueças dos pobres”, ou, em Portugal, do Cardeal Manuel Clemente e do seu bispo auxiliar D. Tomás Nunes, que Deus tenha, de D. Serafim Ferreira da Silva, D. António Montes Moreira e tantos outros.
O facto é que foi de tal maneira persistente e eficaz o empenhamento de João Crisóstomo e seus amigos colaboradores na promoção deste Dia da Consciência ligado a Aristides de Sousa Mendes e, ultimamente,
também ao eminente diplomata brasileiro Luís Souza Dantas, que, com surpresa geral, o Papa Francisco na sua Audiência Geral de 17 de junho de 2020 evocou (cito) o “Dia da Consciência, inspirado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes que, oitenta anos
atrás, decidiu seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e outros perseguidos”.
Entusiasmado com este inequívoco apoio e a sua dimensão universalista, João Crisóstomo e os seus mais diretos colaboradores, vencendo algumas compreensíveis resistências à mudança devidas ao receio de que se desvirtuasse a original ligação a Sousa Mendes e ao Holocausto e ao 17 de junho, data mais expressiva da sua corajosa ação, decidiram que (cito literalmente o que ele escreveu em carta ao Cardeal
Parolin) o Dia da Consciência “embora baseado no testemunho de Aristides de Sousa Mendes, em 17 de junho de 1940, será celebrado a partir de agora na mesma semana em que as Nações Unidas celebram o seu ‘Dia Internacional da Consciência’ para evitar qualquer ideia,
mesmo involuntária, de competição e proselitismo, como disse um ilustre diplomata português”.
Como, entretanto, se processava no Brasil a reabilitação de Luís de Souza Dantas, eminente Embaixador do Brasil em França e um dos mais prestigiados diplomatas brasileiros de todos os tempos, o qual evocando, como Sousa Mendes, motivos “de consciência e humanidade” salvara também centenas de vidas de judeus e outros fugitivos do
nazismo e dos seus campos de concentração, em muito boa hora os promotores do Dia da Consciência decidiram estendê-lo ao mundo lusófono e celebrar a 5 de abril o único e universal Dia Mundial da Consciência, mas concentrando as celebrações na específica evocação dos ideais e motivações humanistas tanto de Sousa Mendes e Souza Dantas bem como de todos os que, brasileiros, portugueses ou de qualquer outra fonte lusófona, defenderam e salvaram vidas e se guiaram pelos mesmos critérios de humanidade e consciência como Teixeira Branquinho, Sampaio Garrido, P. Joaquim Carreira
e tantos outros, cujos feitos e nomes se perderam na clandestinidade dos seus atos ou no esquecimento coletivo como, por mero exemplo, Frei Rafael dos Santos, irmão leigo franciscano natural do Vilar, Torres Vedras, o qual, como eu mesmo ouvir de sua própria boca, escondeu,
alimentou e confortou dezenas de famílias judaicas nos extensos sótãos do Colégio Internacional, hoje Universidade, “Antonianum”, na Via Merulana, em Roma, onde, aliás me formei em direito canónico e ele esteve por muitos anos ao serviço da Ordem, situação que só era
conhecida do Superior da casa e de dois outros irmãos que com ele tinham acesso clandestino aos sótãos.
De entre todos sobressaem os dois que estou hoje aqui a homenagear, ambos “Justos entre as Nações”, que, como eferiu o Papa Francisco a propósito de Sousa Mendes em mensagem enviada à inauguração do Museu Sousa Mendes, na sua Casa do Passal, em Cabanas, eram
“homens peritos em humanidade”.
Dois peritos em humanidade, dois modelos de humanismo.
Comecemos por Sousa Mendes.
Votado, por largas décadas, ao mais profundo e intencional esquecimento imposto por vontade e expressas diligências de Salazar e do seu regime, os quais, além da demissão, assim o pretendiam castigar por desobediência, Aristides de Sousa Mendes e a sua obra, recuperadas por ação das liberdades de abril, são hoje plenamente reconhecidas sobretudo em Portugal, no mundo lusófono e na comunidade judaica mundial.
Não carece, pois, nem se justificaria, que aqui evoquemos todos os passos e feitos da sua vida, pelo que referirei apenas os essenciais para enquadrar o sentido de humanismo com que, por expresso imperativo de consciência e contrariando sucessivas ordens dos seus superiores hierárquicos, ele salvou de modo heróico dezenas de milhares (fala-se mesmo em cerca de 30.000) de vidas de judeus e outros perseguidos pelo nazismo.
Nascido em 19 de julho de 1885 em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, no seio de uma família profundamente católica e de formação franciscana, licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra ao mesmo tempo que seu irmão gémeo, César, tendo depois, tal como seu irmão, entrado na carreira diplomática, onde exerceu as funções
de Cônsul em Zanzibar, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Bélgica e, a partir de 1938, em Bordéus.
Neste último Consulado Geral, acorrendo a Bordéus multidões de refugiados das perseguições e campos de concentração nazis, Sousa Mendes, apesar de adoentado, com a ajuda dos filhos e sobrinhos e do Rabino Jacob Kruger, que teria conhecido em Antuérpia e agora
reencontrara numa rua em Bordéus, principalmente nos três dias e três noites de 18, 19 e 20 de junho de 1940, aos milhares carimbou passaportes e passou vistos, dizendo em certo momento, no meio do terror e emoção generalizada entre os requisitantes, “a partir de agora, darei vistos a toda gente; já não há nacionalidade, nem raça
nem religião”.
Alertado de que estaria a contrariar e desobedecer a expressas e repetidas orientações governamentais, respondeu “Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus”.
Apesar de lhe terem sido enviadas ordens expressas e funcionários governamentais, incluindo o poderoso Embaixador Teotónio Pereira, para o dissuadir e conter, o corajoso Cônsul, movido por intenso ardor humanitário continuou a passar vistos e carimbar passaportes. E mais:
tendo-lhe chegado a informação de que Espanha ia recusar a entrada e passagem destes refugiados, com a sua própria viatura conduziu uma coluna de veículos de refugiados até à fronteira franco-espanhola, conseguindo fazê-los passar.
Perante isto e sob as pressões mais variadas, foi compulsivamente exonerado e mandado regressar ao país. Aí começou um calvário de castigos e marginalizações que o reduziram à mais profunda pobreza. Tendo morrido sua mulher Angelina, os filhos para sobreviver foram forçados, porventura com auxílio de alguns familiares ou amigos de
seu pai, a emigrar para os Estados Unidos e Canadá, de modo que, após um largo processo persecutório e punitivo, veio a morrer só e abandonado, como na altura escreveu sua sobrinha, único familiar que o acompanhou na morte:
“Lisboa, 3 de Abril de 1954. Estou no Hospital da Ordem Terceira, na Rua Serpa Pinto. O meu tio, Aristides de Sousa Mendes, acaba de falecer, trombose cerebral agravada por pneumonia. A sua esposa, a minha tia Angelina, morreu em 1948 com uma hemorragia cerebral e
ficou vários meses em coma, coitada.
"Todos os seus filhos, meus primos, vivem hoje nos Estados Unidos e Canadá, conseguiram escapar a tempo do purgatório… Sou a única familiar presente. O meu tio era um homem bom sempre a pensar nos outros. É por isso que morreu pobre e desonrado”.
Foi sepultado com hábito franciscano, provavelmente escapulário e cordão da Ordem Terceira de S. Francisco, da qual era membro, tal como seu irmão gémeo César, que foi Ministro desta Ordem Terceira então ainda existente em Cabanas.
Este verdadeiro herói, português, cristão e franciscano, “Justo entre as Nações”, que em determinado momento dissera “Como pode a minha consciência estar tranquila quando penso que tantas pessoas estão a sofrer e a morrer?”, em peças dos processos disciplinares, com que Salazar e o regime o perseguiram, sempre se defendeu com o
argumento de que agira por “dever de consciência de cristão e bom português”.
E, claro, acrescento eu, também de bom irmão terceiro franciscano, que ele era, cuja Regra, ao seu Capítulo II, nº 5, determina que os Irmãos
Assim, por exemplo, no processo disciplinar, arquivado no Arquivo Histórico -Diplomático do MNE, Sousa Mendes disse: “a minha atitude inspirada única e exclusivamente nos sentimentos de altruísmo e de generosidade de que os portugueses, através dos seus oito séculos de história, soubemos tantas vezes dar provas eloquentes e que tanto
ilustram os nossos feitos históricos”.
Isto é o “Humanismo Universalista dos Portugueses” que Jaime Cortesão escolheu como título da sua bem conhecida obra.
Em razão desse seu comportamento humanitário bem merece ser -e de facto já é- reconhecido como símbolo e modelo de humanismo, dever máximo da consciência universal, que o Dia Mundial, a partir de agora, celebra a 5 de abril.

poderes políticos no seu jogo de interesses e artes da diplomacia.
No seguimento da aprofundada investigação de Fábio Koifman, nosso académico correspondente já eleito ainda não empossado, autor do grosso volume “Quixote nas Trevas – O embaixador Dantas e os refugiados do nazismo” e de “Two Diplomats and People in Need” (Sousa Dantas e Raoul Wallenberg) bem como do direto envolvimento (após contato pessoal de João Crisóstomo em Nova York) do então Presidente Fernando Henriques Cardoso, Sousa Dantas, em 10 de dezembro de 2003 foi, tal como Sousa Mendes, reabilitado no Brasil e consagrado pelo Yashem “Justo entre as Nações” com lugar próprio no
Jardim do Holocausto em Jerusalém e passou a integrar a galeria dos “Heróis da Consciência” no mundo da lusofonia.
A própria Comissão que, a partir dos Estados Unidos, promovia o Dia lusófono da Consciência (17 de junho) passou, a partir de 2004, a associá-lo a Aristides de Sousa Mendes nas respetivas celebrações com a constatação da impressionante coincidência de circunstâncias, que João Crisóstomo, emérito aristidesista e, de certo modo pai, do Dia lusófono da Consciência, descreve assim, a páginas 25 do seu “O Papel das Comunidades Luso-Americanas no Reconhecimento de Aristides de Sousa Mendes”:
“É impressionante o quanto estes dois humanistas têm em comum: Os dois têm como língua materna a língua portuguesa. Ambos seguiram a vida diplomática e ambos se encontraram em França, quase vizinhos, no desencadear da WWII.
indivíduos perseguidos pelo terror nazi. E ambos, aparentemente mesmo sem se conhecerem, vão declarar mais tarde durante os processos disciplinares de que vão ser vítimas, ter sido o dever de “seguir a sua consciência de cristãos”, a razão do seu proceder.
De Sousa Dantas e da sua vida e obra ímpar em favor da liberdade de consciência e do mais profundo humanismo universalista certamente nos falará Fábio Koifman na sua comunicação de posse nesta sua e nossa Academia, pelo que aqui e agora me limito a transcrever duas das múltiplas frases lapidares com que, em processos disciplinares por
causa delas, Dantas justificou as suas corajosas opções.
Assim, em telegramas oficiais ao seu Ministro Aranha, referindo-se ao “internamento em campos de concentração comparáveis ao inferno de Dante”, Souza Dantas evoca a “generosidade da alma brasileira” como justificação para “continuar a passar visas livres de encargos para sair de França” (onde eram horrivelmente perseguidos), e ainda:
“Eu fiz o que faria o mais frio de coração, com a nobreza de alma dos Brasileiros, movido pelos mais elementares sentimentos de piedade Cristã”.
Esta “alma dos brasileiros” é, na verdade, aquela “alma”, “alma portuguesa repartida pelo mundo” de que nos falava amões e que, muito para além dos interesses políticos e económicos, é hoje partilhada na troca de princípios e valores comuns entre os vários intervenientes do grande e permanente “encontro de povos, culturas e crenças diferentes”, a que, em razão do muito que têm de comum,
chamamos lusofonia.
Como escreveu o nosso já clássico Eduardo Lourenço no seu precioso texto “Repensar a Lusofonia” incluído no vol. IV das suas Obras Completas, embora “talvez a muitos apareça inviável,”, “este sonho universalista”, “esse continente imaterial que é a lusofonia” (Nau de Ícaro, 174) é possível, mas “só o aprenderemos a fundo no convívio,
no contato e, quanto possível, na comunhão daqueles (povos e gentes) que quisemos ensinar e que, por sua vez, nos ensinaram e nos recriaram. É uma empresa futurante esta, endereçada à redefinição de nós mesmos no horizonte do mundo lusófono, que nos compreende e nos ultrapassa, e não na revisitação nostálgica de um passado de muitas cicatrizes”. Empresa, diz ele, que “apetecia tutelar pela mais lusófona das vozes, a voz imensa, acusadora e ecuménica de António Vieira”.
Eis porque escolhi por tema desta minha intervenção de caráter institucional a convicção pessoal de que o lusófono humanismo universalista, gerado na fé e marcado de franciscanismo, do qual Aristides e Dantas são testemunho repleto de atualidade.
Sim. Homens como estes precisam-se. Hoje talvez mais que nunca. Os valores, princípios e causas, que regeram as suas corajosas opções não podem perder-se.
A cultura do humanismo, da solidariedade sem barreiras nem fronteiras e a fidelidade à consciência têm de se recuperar, corrigindo a desvairada globalização dominante de interesses e individualismos opostos aos valores da consciência e do universalismo humanista.
Por isso, me congratulo com a feliz decisão de, a partir do próximo ano, passarmos a celebrar o nosso Dia da Consciência na mesma data, objetivos e contexto do Dia Mundial proclamado pelas Nações Unidas, assim evitando duplicações e separatismos, mas permitindo-nos “lusofonizar” (desculpem o atrevimento do neologismo) a celebração do único e universal “Dia da Consciência” com acento tónico nos valores ancestrais identitários da nossa cultura humanista e na evocação dos nossos “heróis da consciência”.
De facto, a própria Resolução 73/329 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que o criou, estabelece que a celebração e objetivos do Dia se realizem, (cito) “de acordo com a cultura e com outras circunstâncias ou costumes adequados às suas comunidades locais, nacionais e regionais, sobretudo por meio de uma educação de qualidade e de atividades de sensibilização do público”.
É essa intenção que cada vez mais justifica que Portugal, o Brasil e demais Países-Irmãos da CPLP, evocando esses heróis e revitalizando a sua comum cultura identitária de humanismo universalista, façam que aquela partilhada cultura, que da camoniana “saudade para além dos mares” fez “sodade, sodade dess ‘nha terra San Niclau” seja agora por eles partilhada como vigoroso instrumento de Paz.
Do mesmo modo, sendo a nossa Academia, “instituição de índole cultural”, cuja finalidade fundacional e estatutária é (cito) salvaguardar e promover “as tradições e padrões culturais portugueses no estrangeiro e a identificação e estudo das comunidades filiadas na cultura portuguesa radicadas fora de Portugal” é natural e altamente desejável que assuma o “Dia lusófono da Consciência” como lógico e
envolvente instrumento de portugalidade em lusofonia e, portanto, do humanismo universalista como padrão identitário da cultura lusófona.
Por isso, e a terminar, permitam-me, Senhora Presidente e caros Confrades Académicos, a ousadia de sugerir (que não me sinto com autoridade para propor) que o próximo dia 3 de abril de 2025 seja aqui celebrado como “Dia da Consciência” com convite para vir tomar posse e apresentar a sua inerente comunicação o nosso Académico Correspondente brasileiro Fávio Koifman.
É mera sugestão, claro. Mas oxalá seja compreendida e aceite. OBRIGADO.
Bem hajam todos pela vossa presença e paciência.
Viva o Brasil de Souza Dantas.
Viva Portugal de Sousa Mendes.
Vivam a Lusofonia e a nossa Academia.
P. Vítor Melícias,
OFM
________________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 4 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25338: Tabanca da Diáspora Lusófona (23): Nova Iorque, Igreja Eslovena de São Ciro, domingo, 7 de abril: recordando e cebrando os 70 anos da morte de dois grandes diplomatas e humanistas do tempo da II Grande Guerra, o português Sousa Mendes, e o brasileiro Sousa Dantas (João Crisóstomo)